Paul Claudel (1868-1955) (Por Jacques Madaule)

O ano de 2005 marca o cinquentenário da morte de um grande poeta e dramaturgo francês do século XX, Paul Claudel. Sua obra, profundamente marcada pela sua repentina conversão ao catolicismo, muitas vezes gira em torno de um dos principais temas do cristianismo: a ação da graça e a correspondência humana.

OS ANOS DE DESCRENÇA

Paul Claudel nasceu a 6 de agosto de 1868, durante a festa da Transfiguração, em Villeneuve-sur-Fère-en-Tardenois, pequena aldeia do Aisne onde seu tio-avô foi cura. Entretanto, apesar de a família de Claudel ter dado vários padres à Igreja, ele “era indiferente e, depois de nossa chegada a Paris”, escreveu o poeta em Ma Conversion (1913), “tornei-me nitidamente estranho as coisas da Fé”. Não nos surpreende, pois foi o que se passou na segunda metade do século XIX com numerosas famílias burguesas. Claudel acrescenta: “Tinha feito uma boa primeira comunhão, que, como ocorre com a maioria dos jovens, foi ao mesmo tempo o coroamento e o fim de minhas práticas religiosas”.

Como descrever, por exemplo a atmosfera “destes tristes idos de 1880” em termos diferentes dos que emprega Claudel? Parecia que o catolicismo tinha sofrido um eclipse quase total no plano intelectual.

“Com dezoito anos, minhas crenças eram as da maioria das pessoas consideradas cultas na época. A noção clara do individual e do concreto estava meio adormecida em mim. Aceitava a hipótese monista (1) e mecanicista com todo o seu rigor; acreditava que tudo estava submetido às leis e que o mundo era um rígido encadeamento de efeitos e causas que a ciência cedo explicaria perfeitamente. Tudo isto me parecia, entretanto, muito triste e aborrecido”.

(1) Segundo o monismo tal como surgiu no século XIX, a realidade, principalmente o homem, seria constituída apenas de uma substância, a saber, a matéria. O espírito seria apenas uma explicação “mitológica” para os fenômenos biológicos que o homem não consegue explicar.

Claudel conservou, destes anos passados na descrença, e como ele próprio diz, “na imoralidade”, uma lembrança opressiva. Evocou-os em vinte passagens de suas obras, como por exemplo na primeira estrofe de L´Ode jubilaire pour le sixcentième anniversaire de Dante Alighieri <“Ode jubilar pelo sexto centenário de Dante Alighieri”>, que data de 1921:

“O mundo, por si só, dificilmente nos poderia persuadir que é completo e suficiente.

Difícil é para nos acreditar seriamente que não temos direito a mais nada.

Esta parede de figuras imutáveis, com as mesmas enervantes questões, onde colocamos nossas histórias inconsistentes,

Difícil é impedir que desmorone e que se torne bizarra e transparente.

Difícil é vendar os olhos todo o tempo e pensar em outra coisa.

Difícil é, como se não o soubéssemos, ouvir os elogios ao vinho e à rosa que amamos:

As armadilhas que são armadas, peça a peça sob os pés, a doença e o pecado,

É humilhante nelas cair sempre, e sentir-se sempre um imbecil e um fraco,

É humilhante sofrer a imposição da grosseira máquina corporal quando sabemos que fomos feitos para comandá-la

E é idiota a vanglória da carcaça de que somos inquilinos desconfortáveis,

Este Palácio sobre o mar em que nada compensa o tédio espantoso,

Senão o retorno aos nossos Trabalhos Forçados”.

O ENCONTRO COM RIMBAUD

O pensamento da morte incomodava Claudel. Tinha sentido muito o falecimento do seu avô e de uma tia-avó que gritara tanto durante a agonia que todos a escutavam de uma extremidade a outra da aldeia.

Nessa época, Claudel conheceu Rimbaud (2). Não o homem, que nesse tempo ganhava dinheiro no Harrar, mas a obra. Claudel escreveu a 12 de março de 1908 ao também escritor Jacques Rivière:

(2) Arthur Rimbaud (1854-1891), gênio poético extremamente precoce – lançou a sua primeira coletânea, Le bateau ivre <“O barco ébrio”>, aos dezessete anos –, defendia a idéia de que a poesia nasce de uma “alquimia” da musicalidade e dos sentidos.

“Rimbaud foi a influência maior que sofri. Outros, principalmente Shakespeare, Ésquilo, Dante e Dostoievski foram meus mestres e mostraram-me os segredos da minha arte. Mas Rimbaud teve uma influência que chamarei de paternal, e que me fez crer realmente que há uma geração espiritual assim como há uma geração corporal.

“Lembrar-me-ei sempre da manhã de junho de 1886 quando comprei o pequeno folheto de La Vogue que continha o começo de Les Illuminations <“As Iluminações”>. Foi uma revelação para mim. Saía enfim do mundo odioso de Taine, de Renan e de outros Moloques (3) do século XIX, desta prisão, desta insípida mecânica inteiramente governada por leis perfeitamente inflexíveis e, para cúmulo do horror, conhecidas e ensinadas. Eu tinha a revelação do sobrenatural. O gênio mostra-se, em Rimbaud, sob sua forma mais sublime e mais pura, como uma inspiração realmente vinda não se sabe de onde”.

(3) Hyppolyte Adolphe Taine (1828-1893): historiador francês, aplicou os métodos deterministas para estudar a história, a arte e a psicologia, considerando-as produtos da raça e do meio. Joseph Ernest Renan (1823-1892), escritor racionalista francês, brutalmente anticlerical, dedicou-se em todas as suas obras a negar a divindade de Jesus Cristo e da Igreja Católica. Moloque, divindade semítica pagã, a quem os pais sacrificavam seus filhos (cfr. Jer 32, 35).

Alguns meses mais tarde, Claudel lê Une Saison en Enfer <“Uma temporada no inferno”>. Pode nos surpreender e nos surpreende, a influência exercida por Arthur Rimbaud, que ele não sabia nem mesmo se era cristão, pelo menos quando escreveu as Illuminations e Une Saison en Enfer. Aqui nos deparamos com um dos mistérios mais desconcertantes. A obra de arte tem seguramente outra significação além da que lhe quis dar o autor. Quais poderiam ser as intenções de Rimbaud no momento em que escrevia seus poemas – que fossem blasfematórias, como alguns sustentaram, ou que, ao contrário, Rimbaud fosse um “místico em estado selvagem”, de quem Claudel falou em um de seus escritos, não importa. O fato inegável é que Claudel ficou profundamente abalado pela leitura de Rimbaud, e preparado para receber alguns meses mais tarde a infusão da graça.

A GRANDE ILUMINAÇÃO

Devemos uma vez mais dar-lhe a palavra, porque não existe outra, que, melhor que a sua, possa descrever um acontecimento inefável:

“Assim era a infeliz criança que, a 25 de dezembro de 1886, foi a Notre-Dame de Paris para assistir aos ofícios de Natal. Tinha começado a escrever, e parecia-me que nas cerimônias católicas, consideradas com um diletantismo superior, encontraria um excitante apropriado e a matéria de alguns exercícios decadentes.

“Foi com estas disposições que, conduzido e apertado pela multidão, assisti, com um prazer medíocre, à grande missa. Depois, não tendo nada melhor a fazer, voltei para assistir às vésperas. As crianças do coro, vestidos de branco, e os alunos do seminário-menor de Saint-Nicolas-du-Chardonnet, que os ajudavam, estavam se aprontando para iniciar o canto que mais tarde soube ser o Magnificat.

“Estava misturado ao povo, junto do segundo pilar à entrada do coro, à direita da sacristia. E foi então que se produziu o acontecimento que domina toda a minha vida. Em um instante, meu coração foi tocado e acreditei. Acreditei com tal força, com tal adesão de todo o meu ser, com tão poderosa convicção, com tal certeza sem deixar lugar a qualquer espécie de dúvida que, depois, todos os livros, todos os raciocínios, todos os acasos de uma vida agitada, não puderam abalar-me a fé, nem mesmo, para ser mais preciso, tocá-la de leve que fosse.

“Tive de súbito o forte sentimento da inocência, da eterna juventude de Deus, uma revelação inefável. Tentando, como o fiz várias vezes, reconstituir os minutos que se seguiram a este instante extraordinário, encontro os elementos seguintes que, entretanto, não formam senão um clarão, uma única arma de que a Providência Divina se servia para atingir e abrir enfim o coração de uma pobre criança desesperada: “Como aqueles que crêem são felizes! E se fosse verdade? É verdade! Deus existe, Ele está em toda parte, É alguém, é um Ser tão pessoal como eu. Ele me ama, Ele me chama.

“As lágrimas e os soluços vieram… e o canto tão doce do Adeste <fideles, um hino natalino>, aumenta ainda mais a minha emoção. Emoção bem doce, mas a que se misturava um sentimento de espanto o quase de horror. Porque minhas convicções filosóficas não estavam destruídas. Deus as havia deixado desdenhosamente onde estavam, e eu nada via a mudar nelas; a religião católica me parecia continuar o mesmo tesouro de anedotas absurdas, seus padres e fiéis me inspiravam a mesma aversão que ia até o ódio e o desgosto. O edifício de minhas opiniões e de meus conhecimentos permanecia de pé e nada via de falho nele. Tinha apenas me retirado. Um novo e terrível ser, com exigências terríveis para o jovem e o artista que eu era, tinha se revelado e não sabia como conciliá-lo com coisa alguma que me cercava.

“O estado de um homem que fosse arrancado de um golpe de seu corpo, para ser colocado em um corpo estranho, no meio de um mundo desconhecido, é a única comparação que posso encontrar para exprimir este estado de confusão completa. O que mais repugnava a minhas opiniões e a meus gostos, é que era a verdade e com o que seria necessário que de bom ou de mau grado eu me adaptasse. Ah! Isso não aconteceria sem que tentasse tudo que me fosse possível para resistir”.

Antes de passar ao comentário desse grande texto, desejo mostrar um outro, poético, o Magnificat, que se encontra na terceira das Cinq Grandes Odes <“Cinco grandes odes”, 1907>, e no qual o mesmo acontecimento é traduzido de outra maneira:

“Oh, os longos e amargos caminhos de outrora, do tempo em que estava só!

Caminhar em Paris, nesta longa rua que desce para Notre-Dame!

Então, como o atleta que se dirige ao Estádio em meio a seus amigos e treinadores,

E alguém lhe fala à orelha, e o braço que abandona, e as luvas que lhe são ajustadas,

Eu marchava por entre os pés caídos de meus deuses.

Há menos murmúrios na floresta de Sant-Jean, no verão,

Menos gorjeio em Damasco, quando, ao ruído das águas que descem dos montes em tumulto

Se une o suspiro do deserto e a agitação dos altos plátanos à brisa da tarde,

Que palavras neste jovem coração cheio de desejos.

Oh, meu Deus, o filho da mulher vos é mais agradável que um touro novo.

E me encontro diante de Vós como um combatente que se curva

Não por se acreditar fraco, mas porque o outro é mais forte.

Vós me chamastes pelo meu nome

Como alguém que o conhecesse, Vós me escolhestes entre todos de minha geração.

Oh, meu Deus, sabeis quanto o coração dos jovens é cheio de afeição

e quando ele não se apega às suas máculas e vaidades

E eis que sois alguém, subitamente!

Aterrasteis Moisés com vossa força, mas estais em meu coração, assim como se eu não tivesse pecado.

Oh, como sou bem o filho da mulher! Porque a razão, a lição dos mestres e o absurdo, tudo isso nada vale

Contra a violência de meu coração e contra as mãos estendidas desta criança.

Oh lágrimas! Oh coração fraco! Oh mina de lágrimas que correm!

Vinde, fiéis, e adoremos a criança que nasceu! ”

A LUTA CONTRA DEUS

O leitor me perdoará, espero, estas longas citações. Creio que são indispensáveis, porque ninguém pode falar da conversão de Claudel tão bem quanto o próprio Claudel. Não apenas porque é um grande escritor, mas também porque sua conversão está nas origens de toda a sua obra. Parece, com efeito, que ele se tornou ao mesmo tempo cristão e poeta.

Antes de prosseguir, convém reexaminar alguns sinais extraordinários. Desde a conversão do seu patrono São Paulo, não creio que tenha havido exemplo de uma conversão ao mesmo tempo tão repentina e tão total. “Em um instante” é a expressão que resume tudo. Poderíamos dizer que o combate começa, um combate que não devia durar menos de que quatro longos anos.

Desde a tarde de 25 de dezembro de 1886, Camille Claudel, irmã do poeta, emprestou-lhe uma Bíblia que uma amiga alemã lhe dera. Claudel mergulha pela primeira vez na leitura que não deveria mais interromper. “Leio a Bíblia como o velho inglês”, disse ele em algum de seus escritos. Ela é, para Claudel, a palavra sempre viva de Deus.

Em poucos anos, estará percorrendo o mundo, mas o universo e a Bíblia lhe aparecem como um só livro, escrito dos dois lados. Deus se dirigiu a nós de uma maneira indireta, pela quantidade das coisas visíveis que não cessam de nos falar dEle, através das quais Ele nos faz aguardá-lo; e de uma forma mais direta, pela Revelação. Mas, no fim das contas, as duas faces do texto trazem a mesma mensagem, e todo o trabalho de Claudel, depois de sua conversão, será, como escreve um dia ao R.P. de Tonquédec, “a evangelização progressiva” de todos os recantos de sua alma e, por consequência, deste universo inteiro, de que o poeta é inseparável e que leva consigo, queira ou não, cada vez que sente um impulso quando “a Musa que é a Graça” dele se apodera.

O Evangelho fala muitas vezes do grão de mostarda, a menor de todas as sementes, que termina dando uma árvore enorme. Esta imagem parece convir perfeitamente a toda a carreira de Claudel, a partir de 25 de dezembro de 1886. Nesse dia foi-lhe dado, subitamente o germe que devia frutificar em seguida, durante mais de sessenta anos. De maneira que a conversão de Claudel, se é repentina e virtualmente completa desde o primeiro dia, não vai cessar, até o fim, de desenvolver suas consequências.

Em primeiro lugar, os quatro anos de lutas que transcorrem entre o 25 de dezembro de 1886 e o 25 de dezembro de 1890, dia em que Paul Claudel, tendo se confessado, voltou enfim à comunhão da Igreja. “O combate espiritual”, escreve Claudel, citando Rimbaud, “é mais duro que a batalha dos homens. O sangue seco fumega em meu rosto”. O que foram esses quatro anos, em que o poeta despojou-se pacientemente de suas convicções, destruiu pedra a pedra o edifício no qual se tinha até então encerrado, nós o podemos imaginar por intermédio do Fragment d´un drame <“Fragmento de um drama”, 1887> e especialmente através das suas primeiras obras: Tête d´Or <“Cabeça de ouro”; 1889>, La ville <“A cidade”; 1897>, La Jeune Fille Violaine <“A jovem Violaine”; 1892>. L´Echange <“A troca”; 1893> e mesmo Le Repos du Septième Jour <“O descanso do sétimo dia”; 1900>.

O CHAMADO DE DEUS E O CHAMADO DO UNIVERSO

“Paul, devemos partir para lugares mais belos”, escreveria o poeta no Vers d´Exil <“Versos do exílio”; 1912>. A peregrinação de Paul Claudel em volta do mundo não é outra coisa que a imagem simbólica da viagem que nunca interrompeu, na direção de Deus.

Sentia, desde a infância, uma violenta atração para esse universo que lhe era oferecido. Vejamos como ele se descreve, criança, em um texto de Connaissance de l´Est <“Conhecimento do Leste”; 1900>.

“Revia-me na mais alta forquilha da velha árvore, ao vento, criança a balançar entre os frutos. Lá, como um deus sobre seu trono, espectador do teatro do mundo, em profundas considerações, estudava o relevo e a conformação da terra, a disposição das colinas e planícies; olhos fixos como os de um corvo, via o campo desdobrado sob meu poleiro, seguia com o olhar o caminho que, aparecendo duas vezes seguidas no topo das colinas, perdia-se por fim na floresta. Observava tudo: a direção da fumaça, a qualidade da sombra e da luz, o adiantamento dos trabalhos agrícolas, a viatura que rangia na estrada, os tiros dos caçadores. Não há necessidade de Diário onde leio somente o passado; basta-me subir a estes ramos para ver à minha frente, todo o presente. A lua se levanta; volto-me para ela, banhado de luz nesta casa de frutas. Permaneço imóvel e de tempos em tempos um fruto cai da árvore, como um pensamento pesado e maduro”.

Deveria ceder ou renunciar a esse desejo de posse? E, se não renunciasse, como conciliá-lo com a nova exigência que se manifestara imperiosa na tarde de 25 de dezembro de 1886? Durante grande parte de sua vida Claudel será solicitado por estes dois apelos, que não são contraditórios sem dúvida, mas aos quais tem dificuldade de responder simultaneamente: o chamado de Deus, o chamado do universo. Será esse, vinte anos depois, o assunto de La Muse qui est la Grace <“A musa que é a graça”>.

Por enquanto, estamos ainda no tumulto de Tête d´Or. No começo do drama, vemos o herói, Simon Agnel, mais tarde cognominado Tête d´Or, sepultar a mulher que tinha amado.

Ela morrera em seus braços, sem que ele pudesse impedi-lo. E a separação do homem e da mulher, a despeito do amor recíproco, já aparece na única cena que resta de um drama anterior, conhecido sob o título de Fragment d´un Drame. Simon Agnel está só, quando encontra o jovem Cébès, abandonado moral diante do universo. Eles concluem um pacto. Trata-se de saber se o homem pode ser um apoio para o homem. Mas Cébès por sua vez cai doente e morre. Tête d´Or conseguiu obter sobre os invasores do império a mais estrondosa vitória. Mas é incapaz de salvar a Cébès, que morre. Depois desse segundo fracasso, o herói assume a tarefa de se tornar senhor do mundo. Proclama-se rei, comanda os homens, trava ao pé do Cáucaso uma última batalha, obtém uma vitória suprema. Mas, ferido de morte, falece no pico do Cáucaso, face ao sol poente cujos raios púrpura misturam-se a seu sangue que corre. Depois da morte da mulher amada, depois da morte de Cébès, falece o próprio Tête d´Or, muito embora os homens, por amor ou amizade, apóiem-se uns aos outros, ou tentem apoderar-se do universo visível.

Claudel tinha necessidade de dar a si mesmo esta dura lição, e é por esse motivo que os versos de Tête d´Or são tão ásperos e ardentes.

Embora o assunto de La Ville seja bem diferente, encontramos ainda este segundo drama cheio de perguntas análogas. Trata-se agora da ordem social da Cidade. Vemos desfilar diante de nós a orgulhosa Babel, que os homens tentaram construir inspirando-se unicamente na razão e que é, na verdade, fundada sobre o nada, pois que seu grande engenheiro Lambert de Besme, proclama: “Nada existe”. Mas o próprio destruidor, Avare, agindo inspirado por um demônio em que reconhecemos aquele que atormentava Tête d´Or, é incapaz de refazer aquilo que justamente destruiu. Abandona sua realeza a seu filho Ivors e este só consegue reconstruir a cidade seguindo os conselhos que lhe dá Coeuvre, o poeta que se tornou bispo. Porque Coeuvre recebeu o dom de compreender o sentido oculto das coisas. Sabe que o mundo das aparências dissimula um outro mundo que é o verdadeiro e pede então, que no centro da cidade nova seja reservado um lugar para ser consagrado a prece.

Em La Jeune Fille Violaine, é o Tardenois natal por sua vez chamado ao tribunal, no momento em que o poeta vai deixá-lo para um longínquo exílio, exílio que só terminará com a vida do poeta. No coração desta pastoral admirável, que constitui a primeira versão da obra, eleva-se a flor do sacrifício, Violaine. Ela se assemelha a todos que voluntariamente renunciaram a qualquer posse nesse mundo.

É duro para um homem como o jovem Claudel, que tinha tendências a posse, “eu desejava tudo ver, tudo possuir”, renunciar e não possuir as coisas senão como quem na verdade não as possui. Entretanto é necessário, e esta é a exigência essencial deste Deus que ele encontrou em 1886, e ao qual é preciso reconhecer que não se satisfaz com uma parte apenas; porque a sua parte é tudo.

CLAUDEL EXILADO

L´Echange escrito nos Estados Unidos, onde Claudel iniciava sua carreira diplomática, é o primeiro dos poemas do exílio. Não recordarei o assunto deste drama pois não tem ligação direta com o que narramos. Basta dizer que o exílio é, desde sua conversão, a vocação de Paul Claudel. Este exílio deve ser compreendido de duas maneiras: de um lado, o fato de que o poeta passará, a partir de 1892, a maior parte de sua vida fora da França. No entanto, há um exílio mais essencial, o de todo cristão que vive neste mundo, e do qual o primeiro não é senão a imagem.

Rimbaud já lhe dissera: “Nós não estamos no mundo; a verdadeira vida está ausente”. No momento em que Claudel teve a revelação fulgurante da verdadeira vida, na figura, da Criança recém-nascida, aprendeu que o exílio era essencial. Toda sua vida não deixará de ser uma longa meditação sobre esta verdade.

É por isso que a graça se apresenta a ele sob a forma de um gládio que corta e retalha, e que também perfura. Tem uma devoção particular a Nossa Senhora das Dores, e é por isso que em Le Soulier de Satin <“O sapato de cetim”; 1919-1924>, deu o nome de Maria das Sete Espadas à criança que nasceu de Prouhèze e de Camille, mas que era ainda a filha de Rodrigue ausente. Há muitas formas de conversão. A de Claudel foi inicialmente brutal e fulgurante. Terminou por um combate corpo a corpo contra “a natureza contrariada inteligentemente em tudo”.

Compreende-se que em meio a estes combates, Claudel tenha sonhado em encontrar algum refúgio. Há na terra ancoradouros que, sem interromper de nenhum modo o exílio a que nos condenamos, dão-nos o repouso da disciplina e da prece. Aliás, era assim que os mosteiros eram imaginados pelos cristãos de outrora, como testemunham, por exemplo, vários textos de São Bernardo.

Ao término da sua primeira permanência na China, em fins do século XIX, enquanto Claudel escrevia Le Repos du Septième Jour, parece ter-se produzido nele uma espécie de tranqüilidade. Havia já mais de dez anos que lutava contra Deus e este combate lembra o de Jacob com o anjo. Ainda não sabia exatamente o que Deus exigia dele. Decidiu entregar-se inteiramente e quando retorna a França, faz um retiro na abadia de Ligugé, perto de Poitiers. Desejava tornar-se monge de São Bento. Mas o abade, a quem comunica suas intenções, aconselha-o a partir ainda uma vez para a China, a fim de experimentar a solidez de sua vocação.

A SEGUNDA GRANDE CRISE

É nessa época que se produz a segunda grande crise na vida de Claudel. Ela nos foi contada, sob a forma dramática, em Partage de Midi <“Partilha do meio-dia”; 1905> e, ainda aqui, é melhor deixá-lo falar por si mesmo. Mesa dirige-se a Ysé;

“Ao menos, vós, sabemos quem sois e com quem temos que nos avir.

Mas suponde alguém convosco.

Para sempre; e que se torne necessário tolerar em si mesmo um outro.

Ele vive, eu vivo; ele pensa e eu peso em meu coração seu pensamento.

Ele que fez meus olhos, não o poderei ver? Aquele que fez meu coração!

Não posso livrar-me dele. Vós não me compreendeis. Mas não se trata de compreender.

Uma palavra pode se compreender a si mesma? Mas, para que exista, é preciso que um outro a leia.

Oh, a alegria de ser completamente amado! O desejo de se abrir ao meio como um livro!

Em si mesmo apenas.

Ser totalmente claro, legível e sentir-se verdadeiramente

Pronunciado

Como uma palavra sustentada pela voz e pela entonação de seu verbo.

Oh, o tormento de sentir-se soletrado como alguém que não chega ao fim!

Não me deixa repousar.

Fugi a esta extremidade da terra.

Eis-me em outra posição sobre o diâmetro, como alguém que

Mede uma base para calcular uma distância astronômica

Longe da velha casa, como um ovo quebrado.

Eu que amava tanto as coisas visíveis. Oh, teria querido tudo ver, tudo possuir,

Não somente com os olhos, ou apenas com os sentidos, mas com a inteligência do espírito,

E tudo conhecer a fim de ser todo conhecido!

Mas Ele não me dá tempo. Eis-me em meio a esses povos e Ele me reencontrou,

E eu sou como um devedor que é perseguido e não sabe nem mesmo o que deve…

Que fazer? Onde está o meu pecado?

Sou chamado a dar

De mim mesmo, uma coisa que não conheço. Pois bem, eis todo meu ser! Eu me dou a mim mesmo.

Eis-me em vossas mãos. Tomais o que quiserdes…

Para ninguém sirvo a coisa alguma.

E é por isso que desejava entregar a Ele tudo o que possuía.

Ora, eu queria dar tudo,

Preciso retomar tudo. Parti, devo regressar ao mesmo lugar.

Foi tudo em vão. Nada feito. Tinha em mim

A força de uma grande esperança. Não a tenho mais. Não fui considerado apto.

Perdi a direção e a finalidade.

E assim sou reenviado, nu, com a vida antiga, seco, sem outra missão

Que a antiga vida por recomeçar, oh Deus! A vida separada da vida,

Meu Deus, sem outra esperança senão Vós que nada quereis de mim,

Com o coração ferido e uma aparente fortaleza”.

Esta passagem de Partage de Midi é de uma importância capital. As exigências da conversão estão de fato sublinhadas aí com surpreendente lucidez. O Deus que conquistou o coração do jovem Claudel é um Deus ciumento e que não admite partilha. O poeta pensara em resolver todos os problemas vestindo o hábito beneditino. Rejeitado misteriosamente, ei-lo de novo, “sem força, sem permissão”; e o universo das coisas visíveis se apresenta a ele sob uma forma infinitamente mais sedutora que na sua primeira juventude, porque a mulher é para o homem mais que todo o universo reunido. Eis aquela que pode aceitá-lo, que nele pode ler como em um livro; eis a comunhão restabelecida, dois seres que se fazem um, como nossos primeiros pais no Paraíso terrestre. Mas a experiência deveria mostrar-se decepcionante: “Fugi em vão. Em toda parte, encontrei a Lei”, escrevia Claudel em Vers d´Exil. Tocamos aqui a outra face de uma conversão, que não contradiz a primeira, e que dela é inseparável.

Desde aquele dia 25 de dezembro de 1886, ao mesmo tempo que experimentava a presença viva e pessoal de Deus sob a forma de uma criança recém-nascida, o poeta não ignorava que ia enfrentar terríveis exigências, e que estas exigências repugnavam ao jovem que era então. Já as indicara várias vezes em todo o primeiro ciclo de seu teatro. O que era este lugar no centro da cidade reconstruída que o bispo de Coeuvre exigia? E, melhor ainda, o sacrifício de Violaine? Em nome de que justiça Marta, em L´Echange, queixava-se, diante do Atlântico, amarga e desesperadamente contra seu esposo? O que era este Repouso do Sétimo Dia, exigido pelo imperador da China, voltando dentre os mortos, a seu povo e em nome de Deus, se ele desejasse ficar livre para sempre da horrível mistura de mortos e vivos? Tantas manifestações da Lei que não se pode infringir, se se quer ser fiel a ordem do mundo e executar a sua partitura no concerto harmônico.

Existe também uma ordem que governa o amor do homem pela mulher e vice-versa. Tinha sido admiravelmente expressa em L´Echange. É com ela que Mesa se choca, na presença de Ysé. É para ele a interdição pois é mulher de outro. Eis o poeta tentado como o foi o rei David a vista de Betsabé, mulher de Urias o hiteu. Ele sucumbe, como Davi, e este é o assunto de Partage de Midi.

Começa para ele a prova de uma segunda conversão, porque não é em um dia que nos libertamos de tal mergulho no pecado. Tanto mais grave, em certo sentido porque, nem um segundo, durante esse período terrível, a fé de Claudel foi abalada. Esse testemunho nos é dado quando ele escreve, alguns anos mais tarde, o texto de Ma Conversion, citado por nós longamente. E quase a mesma hora do pecado foi que escreveu os dois tratados principais da Arte poética: Connaissance du Temps <“Conhecimento do tempo”; 1907> e Traité de Ia Connaissance au monde et de soí-même <“Tratado do conhecimento do mundo e de si mesmo”>.

De volta a França, em 1906, Claudel casa-se com Reine Sainte-Marie Perrin; depois, numa terceira viagem a China, escreve as Cinq grandes Odes, ainda cheias da memória do pecado e da dupla conversão. A mais significativa a esse respeito é a quarta ode: La Muse qui est la Grace, diálogo patético entre o poeta e sua inspiradora. Ele desejava dedicar-se a obras temporais, ser o poeta da natureza enfim reconciliada com o homem. Mas a Musa não o deixa. O que espera dele é um dom total e a comunhão da chama ardente. Uma vez mais o poeta ressente a dor da velha ferida, e com notas de um desespero surdo se desenrola o poema:

“Vai-te! Volto-me desesperadamente para a terra!

Vai-te! Não me tirarás o frio gosto da terra!

Esta obsessão pela terra que está na medula de meus ossos e no íntimo

De minha substância e na carne mesma de minhas vísceras!

Em vão! Tu não me consumirás!

Em vão! Tu me chamas com esta presença de fogo e quanto mais eu me retiro para a terra sólida,

Como a árvore gigante que procura a rocha para o abraço e a vida de suas oitenta e duas raízes!

Quem mordeu a terra conserva o gosto na boca.

Quem provou sangue não se nutre mais de água e mel!

Quem amou a alma humana, e que uma vez uniu-se a outra alma viva, fica preso para sempre.

Algo de si mesmo, agora estranho, vive da substância de outro corpo.

Quem gritou? Ouço um grito na noite profunda!

E minha antiga irmã das trevas que vem de novo a mim,

A esposa noturna que a mim retorna, outra vez, silenciosa,

Outra vez a mim, com o coração, como um repasto que se divide nas trevas,

Como um pão de dor e como um cálice cheio de lágrimas.

Uma outra vez no Tenare! Uma outra vez do outro lado do canal que nem mesmo

Os raios de um astro de chumbo e a lúgubre trompa de Hécate iluminam! ”

O EQUILÍBRIO ENFIM RECONQUISTADO

Somente em La Maison Fermée <“A casa fechada”; 1908>, a quinta das Grandes Odes, o equilíbrio parece enfim reconquistada nesta “casa fechada” que é o casamento, que é também a Igreja, guardada nos quatro pontos cardeais pelas quatro virtudes que são precisamente chamadas cardeais: A Prudência ao Norte, a Fortaleza ao Sul, a Temperança no Oriente e a Justiça no Ocidente. E o poema termina com uma prece pelos mortos, esta numerosa multidão de quem não conhecemos nem mesmo as fisionomias, de quem não sabemos nem os nomes, mas que são as raízes profundas da árvore familiar.

Isso data de 1908, época em que Claudel escreve de Tientsin a Jacques Rivière as admiráveis cartas que conhecemos. Serão, no entanto, necessários cerca de vinte anos, e as emoções da primeira guerra mundial, para que o poeta possa enfim, tendo escrito Le Soulier de Satin, declarar que jogou o “soulier” ao mar, para que uma resposta satisfatória seja dada a interrogação que aparece muitas vezes em Partage de Midi e Cinq Grandes Odes: Por que essa mulher encontrava-se naquele navio, precisamente naquele momento? É por isso, aliás, que a obra dramática prosseguiu, pois, a forma dramática nunca foi para Claudel mais que um meio de exprimir a perturbação e a divisão de sua alma.

Aparentemente, a trilogia formada por L´Otage <“O refém”; 1911>, Le Pain dur <“O pão duro”; 1918> e Le Père humilié <“O pai humilhado”; 1920> é estranha ao problema que nos ocupa. Existe, todavia, uma aparência, que se torna cada vez mais transparente em Le Père humilié. Se neste os personagens são símbolos de classes sociais e de situações espirituais, a questão que se impõe a eles é sempre aquela das relações entre o amor e outras obrigações, as quais ora parece que deveriam sacrificá-lo, ora que não deve ser sacrificado.

Em Soulier de Satin, ao contrário, tudo é verdadeiramente consumido e o fruto é espremido até a última gota. Rodrigue e Prouhèze estão face a face, tal como ontem estavam Mesa e Ysé. Há entre eles o amor mais perfeito que se possa imaginar, mas há também a interdição do casamento. Nem Rodrigue nem Prouhèze poderiam seguir suas vocações se não tivessem voluntariamente, várias vezes, renunciado um ao outro. O homem é o primeiro na expressão do desejo. A mulher limita-se a aguardar. E é por isso que Rodrigue deve renunciar duas vezes. A primeira quando não dirige a Prouhèze o apelo supremo ao qual ela não poderia evitar responder, e a segunda quando deixa de proferir, no barco, a única palavra que ela espera para permanecer com ele. Não obstante, o coração de Rodrigue permanece longo tempo cheio de amargura. É necessário para compreender enfim a significação do sacrifício a que consentiu, que ele seja despojado de tudo, de suas dignidades, da integridade de seu corpo e de sua própria liberdade. Só então sabe que tudo vai bem, que tudo é graça e que pode proferir a última palavra do drama: “Liberdade para as almas cativas! ” Voltamos a ver aqui a ideia central de toda obra de Claudel, desde 25 de dezembro de 1886, inteiramente dominada precisamente pelos acontecimentos deste dia. Somos cativos de nossos pecados, e, antes de tudo da preferência por nós mesmos. Como pode Deus, por sua graça, passar através desta espessa muralha, que nos torna prisioneiros das aparências de um mundo ilusório? Ele só nos pode atingir se formos feridos de uma ferida incurável, e ninguém está em melhores condições para realizar esta ferida feliz do que a mulher, este ser semelhante a nós, do qual a beleza parece nos prometer a volta ao Paraíso que nos fez perder outrora. Tal é o papel do amor humano como introdução ao amor divino. É necessário, certamente, não tomar isto como uma verdade geral, válida para todos os homens. É uma verdade que foi válida para Claudel, e nós tentamos delinear aqui a história de sua conversão, que ele estendeu a muitas outras almas.

Para entregar-se completamente a Deus, como tinha resolvido fazer em 1900, seria também necessário despir-se de si mesmo. O monge que em Ligugé repeliu o poeta, estava sem dúvida bem inspirado. Uma outra prova, mais dura e mais perigosa que todas as precedentes, era provavelmente necessária para que a oblação fosse total. Alguns chegam a Deus pelo caminho mais curto; outros, porém não podem chegar lá senão pelos mais complicados e perigosos. A salvação de Claudel importava também a multidões; é por isso que podemos tentar falar, como ele fez, sem indiscrição, de sua conversão. Por repentina que tenha sido no seu início, não deixou de implicar numa severa luta contra si mesmo. Não é sem sacrifício que a semente lançada no meio dos seixos cresce e frutifica. É necessário destruir continuamente as ervas ruins que tendem a abafá-la, e as lisonjas do mundo tem força sobre o coração de um poeta.

Como conciliar com a fé em um Deus transcendente este amor das coisas visíveis, de que Claudel estava completamente possuído? Ele precisou desembaraçar-se inicialmente dos falsos deuses e pisá-los. Muitas vezes cantou sobre eles um canto de triunfo, agastando mesmo certos ouvidos muito delicados.

Mas estes ídolos, forjados pela razão abstrata e mecanicista do século XIX, não eram o adversário mais temível. Enquanto caíam em volta do poeta vencedor, ele sofreu o mais rude assalto, não contra a fé, mas contra os costumes. Teve de recomeçar o combate, não mais contra as vaidades pretensiosas, mas contra a realidade mais pungente que possa tocar um coração de homem. A vitória final neste combate, é o desapego. Como disse Claudel, “não se pode entrar senão nu nos tribunais do amor”.

Quaisquer que sejam as origens e as modalidades, uma conversão nunca está terminada. Ela dura enquanto durar nossa vida. É por isso que a obra inteira de Paul Claudel não é demais para servir de comentário perpétuo aos acontecimentos de 25 de dezembro de 1886. Porque o convertido permanecerá toda a vida um homem estranho que Claudel tantas vezes mostrou, e de quem um dos traços essenciais é o carregar consigo mesmo a realidade de seu exílio. Assim também Claudel em nossa literatura, já tão rica quando ele começou a escrever.

Certamente, ele se serve de uma língua que é bem a nossa, e de que apenas alguns pedantes ousaram contestar a autenticidade; certamente os amadores de classificações podem ligá-lo a qualquer grande corrente e a quaisquer mestres. Não obstante nele permanece não sei que de estranho, que atrai e escandaliza ao mesmo tempo: é esta Verdade viva, que tantas palavras não conseguiram exprimir.

Creio que apesar de tudo, Paul Claudel merece que seja aplicada esta estrofe de La Messe là-bas <“A missa lá embaixo”>, como se a ele se destinasse:

“Existe um homem que recebeu sua tarefa esta manhã se tornou uno com ela!

Médico, poeta, soldado, construtor de casas,

Ele oferece a Deus, cercado desta obra de todas as partes, que sob ele pouco a pouco se transforma um altar,

Uma coisa que leva seu nome”.

A 23 de fevereiro de 1955, quarta-feira de Cinzas, Paul Claudel morria em seu domicilio parisiense. A 28 de fevereiro a França prestava-lhe, em Notre-Dame, homenagens nacionais, e a 4 de setembro era inumado em Brangues (Isère) onde, desde sua retirada, tinha fixado sua residência principal e onde tinha passado todos os anos da Ocupação.

Fonte: Convertidos do Século XX, Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 1960
Tradução: Hoche Luiz Pulchério

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