
Conheci o Padre Francisco Faus em 2012, por indicação de alguém que me disse que ele seria um bom diretor espiritual. Desde o primeiro encontro, impressionou-me a simplicidade com que atendia e, ao mesmo tempo, a clareza com que compreendia o que lhe era dito. Seus conselhos, sempre breves, carregavam uma profundidade rara. Muitas vezes, bastavam duas ou três palavras para iluminar questões que eu imaginava precisar de longas explicações.
Uma vez, lembro que ele me disse: “Vandro, todas as vezes que você for fazer uma homilia, nunca se cite como exemplo, porque isso confunde as pessoas. Fale aquilo que você entendeu do Evangelho, e as pessoas entenderão o que isso significa para elas.” Esse conselho — como tantos outros — ficou gravado em mim pela sua sabedoria despretensiosa e profundamente eclesial.
Durante os doze anos em que convivi com ele, nunca o ouvi falar mal de ninguém. Quando alguém apresentava uma questão mais delicada, ele respondia com serenidade, mencionando um exemplo ou uma situação semelhante, mas sempre com discrição e respeito, sem jamais expor ninguém. Sua discrição era tão marcante quanto sua sabedoria.
Algo que sempre me impressionou foi a quantidade de livros que ele escrevia — e com uma particularidade notável: todos os que li eram excelentes para indicar em contextos de direção espiritual. Padre Faus parecia ter uma compreensão perspicaz da alma humana. Sabia oferecer sugestões concretas, ideias práticas, caminhos acessíveis para o crescimento espiritual. E fazia isso com equilíbrio: mostrando o valor do esforço humano, mas
sempre sublinhando a força da graça.
Quando completou 90 anos, fez questão de presidir a Santa Missa na paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat, onde eu sou pároco. E disse, em sua homilia, uma frase que tocou a todos nós: “Eu não poderia morrer sem ter celebrado a Santa Missa nesta paróquia.” Montserrat fica na Catalunha, terra natal do padre.
Hoje, Padre Francisco, eu é que quero te agradecer. Ao longo da minha vida, pude te conhecer, e sei que o senhor não apenas ajudou no meu sacerdócio, mas também me ensinou muito sobre fidelidade e perseverança. Até um dia, meu amigo. Me espera — e reza para que eu te encontre no Céu.
Entrevista com Pe. Vandro Pisaneschi 
Pároco da Paróquia Nossa Senhora
do Monte Serrat, de São Paulo
Um mês antes de falecer Pe. Francisco nos enviou seu último livro: O bom combate, que foi publicado
recentemente.
O primeiro capítulo trata do testamento de São Paulo e cita as palavras da última epístola do Apóstolo a Timóteo: “Quanto a mim, estou sendo oferecido em sacrifício, pois chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4, 6–7).
Pe. Francisco comenta essas palavras de São Paulo, escritas poucos dias antes de ser martirizado, durante a perseguição de Nero aos cristãos e diz, referindo-se à frase “guardei a fé”: conforme o texto original grego, essa
frase também pode ser traduzida dizendo: Fui fiel. Como é bonito, depois de uma vida inteira de entrega, de sacrifício, de dedicação, poder dizer: “Graças a Deus, eu fui fiel”. Após uma vida de entrega a Deus, Pe. Francisco fez suas essas palavras, antecipando assim o seu retorno à casa do Pai.
Conheça esta e outras obras do Padre Francisco Faus no link abaixo:



